MORRE EM SÃO PAULO O DEPUTADO ESTADUAL AGNELO ALVES
Faleceu agora há pouco, no hospital Sírio Libanês,
em São Paulo, o deputado estadual, ex-senador e ex-prefeito de Natal e
Parnamirim, Agnelo Alves. Durante a madrugada ele teve uma queda acentuada de
pressão e piora no quadro de infecção respiratória do qual vinha se tratando há
duas semanas. As defesas baixas, devido ao tratamento de quimioterapia contra
um câncer no esôfago, também contribuíram para dificultar a recuperação. O
corpo do deputado deverá se transportado para Natal ainda hoje.
Agnelo Alves nasceu em 16 de julho de 1932, no
município de Ceará-Mirim, na Grande Natal, filho de Manuel Alves Filho,
prefeito de Angicos, e Maria Fernandes Alves. Aos 13 anos, enquanto estudava no
Colégio Marista, em Natal, já era ligado à política, frequentando a sede da
UDN, partido contrário ao governo de Getúlio Vargas.
Em 1946, com tuberculose, foi morar no Rio de
Janeiro, onde vivia o seu irmão Aluízio Alves. Quatro anos depois, foi um dos
fundadores da TRIBUNA DO NORTE, onde assinou as colunas “Carta ao Humano” e,
depois, “Espaço Livre”. De volta ao Rio, em 1954, trabalhou como repórter nos
jornais “Tribuna da Imprensa”, “Jornal do Brasil”, “O Jornal”, “Diário Carioca”
e “Diário de Pernambuco”. Em 1955 assumiu a chefia de gabinete da direção do
Serviço Nacional de Tuberculose, na época comandado pelo médico Reginaldo
Fernandes.
No começo da década de 1960, voltou a Natal para
trabalhar na campanha vitoriosa de Aluízio Alves ao Governo do Estado,
assumindo, em seguida, a chefia da Casa Civil. Entre 1964 e 1965, Agnelo atuou
como presidente da Fundação de Habitação Popular (FUNDHAP) e implantou o
projeto Cidade da Esperança, a primeira experiência em habitação popular do
Brasil.
Em 1966, foi eleito prefeito de Natal, permanecendo
no cargo até 1969, quando foi cassado politicamente, preso e torturado
psicologicamente pelos militares durante a Ditadura Militar. Durante sua
gestão, estendeu o serviço de iluminação pública para a Zona Norte, trabalhou
na pavimentação e arborização de rus e deu início a construção do estádio
Machadão.
Agnelo só ganhou a anistia 12 anos depois, durante
o governo de João Baptista Figueiredo. No início da década de 1980, participou
ativamente, junto com Aluízio Alves, das Diretas Já e, em seguida, da campanha
de Tancredo Neves à presidência.
Entre 1985 e 1990 trabalhou, à convite do
presidente José Sarney, no Banco do Nordeste, onde assumiu a diretoria de
crédito geral e chegou a ser presidente do banco. Sua vida política no Rio
Grande do Norte só foi retomada em 1996, quando concorreu à prefeitura de
Parnamirim, sendo derrotado. Três anos depois, ele assumiu a vaga no Senado
Federal deixada por Fernando Bezerra, empossado como ministro da Integração
Nacional.
Em 2000 foi novamente candidato a prefeito de
Parnamirim, saindo vitorioso nas eleições com 72,86% dos votos. Ele foi
reeleito e ficou no cargo até 2008, saindo com 92% de popularidade e elegendo o
seu sucessor, Maurício Marques. No ano de 2010, Agnelo foi eleito deputado
estadual e anistiado moralmente pelo Governo Federal, recebendo o título
durante a 42ª Caravana da Anistia, em Natal. Em 2014, ele foi reeleito deputado
estadual.
Durante sua trajetória, ele escreveu dois livros
“Crônicas de Outros Tempos e Circunstâncias” e “Parnamirim e Eu”. A experiência
literária rendeu à Agnelo o título de imortal na Academia Norte-riograndense de
Letras, ocupando, em 2012, a cadeira de número quatro, deixada pelo escritor
Enélio Petrovich.
Fonte: robson pires
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